23 de outubro de 2024

Agentes do Mal Não São Missionários

Por O Redator Espírita
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Influência de Espíritos Inferiores: Os Agentes do Mal Não São Missionários

A doutrina espírita nos ensina que o bem e o mal são forças em constante interação no plano terreno, influenciando nossos pensamentos, escolhas e ações. No entanto, uma questão essencial que surge no estudo dessas influências é: os espíritos que nos induzem ao mal cumprem alguma missão divina ou estão agindo por conta própria?

Essa reflexão encontra respostas importantes na pergunta 470 de “O Livro dos Espíritos” e no comentário do espírito Miramez na obra “Filosofia Espírita”. A análise desses textos nos leva a compreender a complexidade da ação dos espíritos inferiores e o papel que desempenham na evolução do ser humano.

A Natureza da Ação dos Espíritos Inferiores

A pergunta 470 de “O Livro dos Espíritos” trata de uma questão intrigante: “Os Espíritos, que ao mal procuram induzir-nos e que põem assim em prova a nossa firmeza no bem, procedem desse modo cumprindo missão? E, se assim é, cabe-lhes alguma responsabilidade?”. A resposta clara e direta dos espíritos superiores nos revela que nenhum espírito recebe de Deus a missão de praticar o mal.

Aqueles que incitam ao erro o fazem por sua própria escolha e livre-arbítrio, assumindo, assim, a responsabilidade por suas ações. Deus pode permitir que essa influência ocorra, mas apenas como uma forma de testar e fortalecer a nossa resistência ao mal. Contudo, essa permissão divina não exime os espíritos inferiores de suas responsabilidades.

O comentário de Miramez, presente na obra “Filosofia Espírita”, nos oferece um aprofundamento dessa ideia, destacando que o mal não procede de Deus. Ele reforça que os espíritos que induzem os homens às paixões inferiores o fazem por conta própria, aproveitando-se da liberdade que possuem.

Esses agentes do mal não são missionários designados por Deus para levar os seres humanos à queda moral. Pelo contrário, são entidades que, por estarem mais próximas das vibrações inferiores, se afastam das leis do amor e da harmonia.

Essa distinção é crucial para a compreensão da influência dos espíritos inferiores. Eles não são enviados por Deus para nos causar prejuízo, mas sim atuam dentro da permissividade divina para que possamos ser provados e fortalecidos no bem.

A verdadeira missão espiritual está sempre associada ao bem, à caridade e à evolução, como destaca Miramez. Aqueles que fazem o mal estão apenas retardando o próprio progresso e sofrendo as consequências de suas escolhas.

Livre-Arbítrio e Responsabilidade

O conceito de livre-arbítrio é central na doutrina espírita e se aplica tanto aos encarnados quanto aos desencarnados. Assim como nós, espíritos encarnados, temos a liberdade de escolher entre o bem e o mal, os espíritos inferiores também possuem essa liberdade. No entanto, a liberdade de escolha vem acompanhada de responsabilidade. Quando um espírito opta por praticar o mal, seja encarnado ou desencarnado, ele se torna responsável pelas consequências de suas ações.

No comentário de Miramez, essa responsabilidade é enfatizada. Ele afirma que os espíritos inferiores induzem o homem ao mal por sua própria escolha e que os benfeitores espirituais permitem essa influência para testar as forças dos indivíduos e ajudá-los a valorizar o bem. A ideia de que o mal serve como um teste ou desafio para o fortalecimento moral é um princípio fundamental no Espiritismo.

Contudo, isso não significa que os espíritos inferiores estejam cumprindo uma missão sagrada ou que suas ações sejam justificadas pela necessidade de prova. Eles estão, na verdade, em um estágio de ignorância e atraso espiritual, e suas ações servem mais para evidenciar suas próprias falhas do que para desempenhar um papel divino.

Essa visão nos leva a refletir sobre a importância do discernimento e da resistência ao mal. Embora a influência dos espíritos inferiores seja uma realidade, cabe a nós desenvolvermos a força interior para resistir às suas tentações.

Deus, em sua infinita sabedoria, permite que essas provas ocorram para que possamos crescer espiritualmente, mas nunca ordena que o mal seja praticado.

O Mal como Prova e Aprendizado

No contexto espírita, o mal não é um objetivo final, mas uma etapa transitória no caminho da evolução. A ação dos espíritos inferiores pode ser vista como parte do processo de aprendizado dos seres humanos. Eles oferecem uma resistência que, se enfrentada com coragem e firmeza, fortalece o espírito.

Essa concepção está diretamente ligada à ideia de que o mal, na verdade, é apenas a ausência do bem e que, à medida que nos afastamos da ignorância e da imperfeição, o mal desaparece.

Miramez nos convida a refletir que o mal não é uma criação de Deus, mas uma consequência da ignorância e do afastamento das leis divinas. O sofrimento que associamos ao mal é, na verdade, uma resposta natural ao nosso desvio da harmonia universal.

Ele explica que, mesmo os espíritos inferiores, ao incitarem o mal, estão em um processo de aprendizado, pois ao experimentarem as consequências de suas ações, eles também são confrontados com a realidade de que o mal não compensa. Eles aprendem, por meio da dor e do arrependimento, que o caminho da evolução é o bem, e que a verdadeira felicidade está na harmonia com as leis do amor e da caridade.

O processo evolutivo é longo e contínuo, e todos nós passamos por etapas de ignorância e aprendizado. Os espíritos inferiores, assim como os encarnados, estão trilhando essa jornada. Alguns ainda se encontram nos estágios iniciais, experimentando as lições do sofrimento que o mal proporciona, enquanto outros já compreendem a importância do bem e trabalham ativamente para o progresso espiritual. O papel dos espíritos superiores é guiar e auxiliar nesse caminho, sempre respeitando o livre-arbítrio de cada ser.

A Permissão Divina e a Prova de Resistência

Deus, em sua infinita bondade, não cria o mal nem envia espíritos para nos prejudicar. Contudo, Ele permite que certas influências ocorram para que possamos ser testados e fortalecidos no bem. Essa permissão divina não significa conivência com o mal, mas sim um reconhecimento de que o livre-arbítrio é uma lei fundamental do universo. Cada ser é responsável por suas escolhas, e as provas que enfrentamos são oportunidades de crescimento.

Miramez ressalta que, se Deus permite a ação dos espíritos inferiores, é porque essa experiência tem um propósito maior no nosso processo de evolução. O mal não existe sem uma razão. Ele está presente em nossa vida para nos desafiar a buscar o bem, a entender a importância das leis divinas e a conquistar a verdadeira harmonia espiritual. Quando enfrentamos as tentações e desafios impostos pelos espíritos inferiores, temos a chance de provar a nossa firmeza no bem e de aprender com as consequências de nossas escolhas.

A sabedoria divina está em permitir que o ser humano tenha experiências que o ajudem a desenvolver seu discernimento, sua moralidade e sua fé. A resistência ao mal fortalece o espírito e o prepara para as próximas etapas de sua jornada evolutiva. Deus não induz ninguém ao mal, mas permite que enfrentemos desafios para que possamos crescer e entender o verdadeiro valor do bem.

A Influência dos Espíritos e o Papel da Prece

Diante da constante influência dos espíritos, especialmente daqueles que ainda se encontram presos às vibrações inferiores, a prece e a vigilância são ferramentas fundamentais para resistirmos ao mal.

O Espírito Miramez e os espíritos superiores enfatizam a importância de nos mantermos conectados com as forças do bem por meio da oração sincera e da prática da caridade.

Essas ações nos elevam espiritualmente, afastando as más influências e nos aproximando dos benfeitores espirituais que trabalham incessantemente para o nosso progresso.

A prece tem um papel crucial na proteção contra as investidas dos espíritos inferiores. Quando oramos, elevamos nossas vibrações e fortalecemos nossa ligação com o plano espiritual superior. Os espíritos inferiores se aproveitam das nossas fraquezas morais, dos momentos de desânimo e das brechas que deixamos abertas em nossa conduta. Por isso, é fundamental mantermos uma postura de vigilância constante, como nos ensinou Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”.

Conclusão

A influência dos espíritos inferiores é uma realidade inegável, mas não devemos vê-los como agentes missionários de Deus. Eles agem por conta própria, exercendo seu livre-arbítrio, e assumem a responsabilidade por suas ações. Deus, em sua infinita sabedoria, permite que essas influências ocorram para testar nossa firmeza no bem e fortalecer nosso espírito. O mal, na verdade, é uma consequência da ignorância e do afastamento das leis divinas, e cabe a nós resistir a essas influências por meio da prece, da vigilância e da prática do bem.

Os agentes do mal, como nos ensina Miramez, não são missionários. A verdadeira missão espiritual está sempre associada ao amor, à caridade e ao bem.

Ao enfrentarmos as provas e desafios que surgem em nosso caminho, temos a oportunidade de crescer e nos aproximar da verdadeira felicidade, que só pode ser encontrada na harmonia com as leis divinas. Que possamos, portanto, sempre buscar o bem, resistir ao mal e confiar na bondade infinita de Deus, que nos guia e protege em nossa jornada evolutiva.