30 de outubro de 2024

Perigos da Fascinação Para Médiuns Psicógrafos

Por O Redator Espírita
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Médiuns Psicógrafos: Como Podem Proteger-se do Perigo da Fascinação

A mediunidade, em suas diversas formas de manifestação, é um fenômeno natural que possibilita a comunicação entre o mundo espiritual e o material. Entre as modalidades mais conhecidas no meio espírita, a psicografia destaca-se por permitir que os Espíritos se expressem diretamente através da escrita mediúnica, seja por meio de mensagens espontâneas, seja como resposta a perguntas feitas pelos encarnados. Contudo, essa prática envolve muitos cuidados e responsabilidades, tanto por parte dos médiuns quanto das instituições que os orientam.

Um dos maiores perigos que pode acometer o médium psicógrafo é o fenômeno da fascinação. Este é um dos processos obsessivos mais sutis e difíceis de perceber, pois o médium fascinado geralmente não tem consciência de que está sendo influenciado por Espíritos mal-intencionados.

Neste artigo, exploraremos como os médiuns psicógrafos podem proteger-se deste risco, à luz dos ensinamentos espíritas, com destaque para os princípios morais e práticos que garantem a pureza do intercâmbio espiritual.

O Fenômeno da Fascinação

A fascinação é uma forma de obsessão descrita por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns. Ela se caracteriza por uma influência espiritual que atua diretamente no pensamento do médium, levando-o a aceitar como verdade absoluta tudo o que o Espírito comunicante lhe transmite, sem questionar a validade ou a moralidade das informações.

Ao contrário de outros tipos de obsessão, como a subjugação, que se manifesta de maneira mais evidente, a fascinação atua de forma sutil, criando no médium a falsa convicção de que está sob a influência de Espíritos superiores.

No caso do médium psicógrafo, a fascinação pode manifestar-se através de mensagens com conteúdo aparentemente elevado, mas que, em seu âmago, trazem distorções sutis e perigosas.

O médium fascinado pode começar a acreditar que é um instrumento de revelações excepcionais, favorecido por Espíritos de alta hierarquia, quando na verdade está sendo enganado por Espíritos mistificadores que se aproveitam de sua vaidade e falta de vigilância.

A Importância do Autoconhecimento e da Humildade

O primeiro passo para que o médium psicógrafo se proteja da fascinação é o desenvolvimento do autoconhecimento e da humildade. A Doutrina Espírita nos ensina que o médium não deve se envaidecer pela sua capacidade mediúnica, pois ela não é um dom pessoal, mas uma faculdade natural que pode se manifestar em qualquer indivíduo, dependendo de seu grau de sensibilidade e desenvolvimento espiritual.

O Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, sempre enfatizou a necessidade da humildade e da disciplina para aqueles que exercem a mediunidade. A vaidade é uma porta aberta para a fascinação, pois é através dela que os Espíritos inferiores conseguem envolver o médium, lisonjeando-o e levando-o a acreditar que possui qualidades excepcionais que o distinguem dos demais.

Um médium verdadeiramente comprometido com sua missão espiritual deve manter a consciência de que é apenas um intermediário e que a verdadeira sabedoria vem dos Espíritos superiores e dos ensinamentos de Jesus.

O autoconhecimento é igualmente essencial, pois permite ao médium identificar suas fraquezas morais e trabalhar em sua melhoria contínua. Como alerta Kardec em O Livro dos Espíritos, as imperfeições morais do médium são um dos principais fatores que facilitam a influência de Espíritos inferiores.

Assim, o médium psicógrafo deve estar sempre atento às suas tendências negativas, como o orgulho, a vaidade, o egoísmo e a impaciência, que podem ser exploradas por Espíritos obsessores.

O Papel do Estudo e da Vigilância

Outra defesa fundamental contra o perigo da fascinação é o estudo contínuo da Doutrina Espírita. Allan Kardec nos adverte que “os Espíritos superiores jamais são contraditórios”, e é através do estudo das obras básicas do Espiritismo, bem como de obras complementares sérias e confiáveis, que o médium psicógrafo adquire o discernimento necessário para avaliar o conteúdo das comunicações que recebe.

Um médium psicógrafo despreparado intelectualmente pode facilmente cair nas armadilhas dos Espíritos mistificadores, que se utilizam de belas palavras e discursos aparentemente lógicos para introduzir erros doutrinários.

O estudo sistemático, a participação em grupos de estudo e a consulta a companheiros mais experientes são formas eficazes de manter a mente aberta e crítica, evitando que o médium seja seduzido por falácias espirituais.

Além do estudo, a vigilância deve ser uma prática constante. No Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos a recomendação de Jesus: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação” (Mateus 26:41). A vigilância não se refere apenas ao comportamento externo, mas, sobretudo, à observação constante dos próprios pensamentos e sentimentos.

Os Espíritos inferiores aproximam-se dos médiuns através da sintonia vibratória, e essa sintonia é estabelecida pelos padrões de pensamento e emoção que o médium emite. Se o médium mantém sua mente voltada para o bem, para o trabalho nobre e para o autoaperfeiçoamento, ele cria uma barreira natural contra as influências negativas.

O Amparo dos Bons Espíritos

Uma das maiores proteções para o médium psicógrafo é o amparo dos bons Espíritos. Como nos ensina a Doutrina Espírita, estamos constantemente cercados por uma verdadeira multidão de Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados, e a qualidade dessas influências depende diretamente do tipo de vida que levamos.

Espíritos elevados são atraídos por pensamentos elevados, sentimentos nobres e ações no bem, enquanto Espíritos inferiores se aproximam daqueles que cultivam vícios morais e pensamentos de baixa vibração.

O médium psicógrafo, ao se dedicar à prática do bem e à caridade, atrai para si a proteção de Espíritos superiores, que o amparam e o orientam em suas atividades mediúnicas. Esses Espíritos não interferem diretamente no livre-arbítrio do médium, mas estão sempre prontos a auxiliar quando encontram nele a disposição sincera para servir ao próximo e para melhorar moralmente.

Essa proteção espiritual, contudo, não é automática. Ela depende do esforço contínuo do médium para manter-se em sintonia com as leis divinas e com os ensinamentos de Jesus. A prece é um dos recursos mais eficazes para estabelecer essa sintonia.

Através da prece, o médium eleva seu pensamento, fortalece sua ligação com os Espíritos superiores e recebe inspirações e orientações para lidar com os desafios da mediunidade.

O Papel do Centro Espírita

O médium psicógrafo não deve exercer sua mediunidade de forma isolada. O centro espírita é o ambiente ideal para a prática mediúnica segura e equilibrada, pois oferece o apoio de uma equipe de trabalhadores que podem orientar o médium, ajudá-lo a discernir as comunicações espirituais e ampará-lo em momentos de dificuldade.

Além disso, as reuniões mediúnicas realizadas em centros espíritas sérios são conduzidas sob a proteção de Espíritos superiores, que supervisionam o trabalho e garantem a segurança espiritual do ambiente.

Nas reuniões mediúnicas, é fundamental que haja um coordenador experiente, capaz de identificar sinais de fascinação e orientar o médium a tempo de evitar maiores complicações. A presença de pessoas preparadas e com conhecimento doutrinário sólido contribui para que o trabalho mediúnico seja conduzido com responsabilidade e respeito às diretrizes espíritas.

O centro espírita também desempenha um papel essencial na educação mediúnica, promovendo estudos e cursos voltados ao desenvolvimento mediúnico. Esses estudos são importantes para que o médium compreenda melhor sua faculdade, conheça os perigos que podem surgir e aprenda as técnicas corretas para o exercício da mediunidade.

O Desapego às Glórias Terrenas

Um dos maiores desafios para o médium psicógrafo, especialmente quando se torna conhecido e suas mensagens começam a ser valorizadas pelo público, é o desapego às glórias terrenas. A fascinação muitas vezes se aproveita do desejo de reconhecimento, do aplauso e da adulação para envolver o médium em uma teia de ilusões. Espíritos inferiores são mestres em alimentar esse tipo de fraqueza, fazendo com que o médium se sinta especial, único, e assim, caia nas armadilhas da vaidade.

O médium psicógrafo que deseja proteger-se da fascinação deve manter-se vigilante quanto ao seu papel de intermediário, sempre recordando que a verdadeira glória é a que vem da prática do bem, do serviço ao próximo e da fidelidade aos ensinamentos de Jesus. A glória terrena é passageira e muitas vezes ilusória, enquanto as conquistas espirituais são duradouras e representam o verdadeiro progresso do Espírito.

Considerações Finais

A proteção contra a fascinação é um desafio constante para o médium psicógrafo, que deve estar sempre atento à sua conduta moral, à qualidade de seus pensamentos e ao ambiente em que exerce sua mediunidade. A prática mediúnica exige disciplina, estudo, humildade e uma profunda conexão com os ensinamentos de Jesus e com os princípios da Doutrina Espírita.

Ao manter-se fiel a esses princípios, o médium psicógrafo estará protegido das influências negativas e poderá exercer sua mediunidade com segurança e eficiência, sempre a serviço do bem e do progresso espiritual da humanidade.