22 de agosto de 2025

A Lei de Amor Segundo Lázaro

Por O Redator Espírita
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A Lei de Amor Segundo Lázaro

O Espiritismo, como terceira revelação divina, é o consolador prometido por Jesus, trazendo à humanidade as explicações racionais e profundas acerca da vida espiritual, do destino da alma e das leis que regem o Universo. Entre essas leis, uma se destaca como eixo central de toda moral cristã e de todo ensinamento superior: a lei de amor.

No capítulo XI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec nos apresenta, através das Instruções dos Espíritos, uma mensagem sublime de Lázaro, espírito protetor, que nos fala sobre a essência e a finalidade dessa lei universal. O item 8, em especial, resume de forma magistral o caminho evolutivo do ser humano, partindo dos instintos, passando pelas sensações, alcançando os sentimentos, até culminar no amor, que é o ponto mais elevado da experiência espiritual na Terra.

Neste artigo, buscaremos refletir de forma minuciosa sobre o ensinamento de Lázaro, explorando o conteúdo doutrinário presente em suas palavras. Trataremos da evolução dos instintos aos sentimentos, da transformação do amor em força de união, do papel do Espiritismo como revelação da continuidade da vida e da necessidade do cultivo interior do Espírito. Acima de tudo, destacaremos o convite à vivência da lei de amor como caminho para a libertação da matéria e conquista da verdadeira felicidade.

O Amor como Resumo da Doutrina de Jesus

Logo no início de sua mensagem, Lázaro afirma:

“O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência…”

Aqui, o Espírito sintetiza o que Jesus exemplificou em sua vida e palavras: todo o Evangelho pode ser reduzido a um único mandamento, que engloba todos os outros — amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

O amor é colocado como sentimento por excelência, ou seja, como a expressão mais elevada da alma humana, que ultrapassa qualquer interesse pessoal, qualquer apego material, qualquer inclinação instintiva.

Essa visão eleva o amor a uma condição universal, cósmica, transcendental. Ele não é apenas uma virtude entre tantas, mas sim a síntese de todas elas. É a força que sustenta a fraternidade, que dissolve as barreiras da desigualdade e que aponta ao homem sua verdadeira destinação espiritual.

Dos Instintos ao Amor: O Caminho Evolutivo

Um ponto fundamental na mensagem de Lázaro é a explicação clara sobre as etapas do progresso moral do Espírito. Ele nos apresenta uma linha ascendente:

  • No início, o homem tem apenas instintos.
  • Com o avanço, mas ainda ligado à materialidade, predomina a sensação.
  • Quando instruído e depurado, alcança os sentimentos.
  • O ponto mais elevado do sentimento é o amor.

Esse esquema resume toda a pedagogia divina.

Instintos: são impulsos primitivos, básicos, voltados para a preservação da vida. Representam a fase inicial da alma encarnada, onde a preocupação maior é sobreviver, defender-se, alimentar-se e reproduzir-se. Nessa fase, o ser humano ainda está mais próximo do ponto de partida do que da meta espiritual.

Sensações: correspondem ao predomínio dos prazeres físicos e das experiências materiais. O homem já possui inteligência mais desenvolvida, mas se deixa governar pelo desejo de satisfação imediata, pelos prazeres transitórios, pelas conquistas exteriores.

Sentimentos: com o progresso intelectual e moral, o Espírito aprende a valorizar o outro, a perceber a beleza da solidariedade e a desenvolver virtudes. É o despertar do coração, quando o homem começa a perceber que não vive apenas para si, mas em comunhão com os demais.

Amor: é o ápice dessa caminhada, o ponto delicado e sublime do sentimento. Mas não se trata, como lembra Lázaro, do amor vulgar, restrito ao interesse pessoal ou à atração física. Trata-se do sol interior, que condensa e reúne todas as aspirações elevadas do Espírito, expandindo-se em direção a Deus e a todos os seres.

Essa explicação mostra que o amor não é um dom reservado a poucos, mas sim a meta natural da evolução espiritual. Todos os Espíritos, em maior ou menor tempo, alcançarão esse patamar.

A Lei de Amor e a Fusão dos Seres

Outro aspecto marcante é a definição de Lázaro de que a lei de amor “substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais.”

Isso significa que o amor nos liberta do egoísmo, do isolamento e da indiferença. Ele dissolve as fronteiras artificiais criadas pelo orgulho humano — fronteiras de raça, de classe, de nacionalidade, de religião.

A verdadeira fraternidade nasce da compreensão de que todos somos Espíritos imortais, filhos do mesmo Pai, destinados ao mesmo destino de perfeição. Assim, o amor cria unidade, solidariedade e comunhão.

Extinguir as misérias sociais é o resultado natural dessa vivência. Onde o amor predomina, não há exploração, não há injustiça, não há desigualdade que se sustente. A lei de amor corrige os desequilíbrios criados pelo egoísmo e abre espaço para uma sociedade regenerada.

O Espírita e o Chamado à Vivência do Amor

Lázaro, após exaltar a lei de amor, dirige-se aos que já têm olhos para compreender a mensagem do Evangelho sob a luz do Espiritismo. Ele nos lembra que Jesus trouxe a palavra “amor” como bandeira, e que o Espiritismo vem agora revelar uma segunda palavra divina: reencarnação.

Essa revelação é fundamental porque confirma a imortalidade da alma e mostra que cada existência é oportunidade de aprendizado. O amor não é uma conquista imediata, mas um processo que exige experiências sucessivas.

A reencarnação ergue “a lápide dos túmulos vazios”, libertando-nos do medo da morte e conduzindo-nos à consciência da eternidade. Com isso, a dor e o sofrimento ganham novo sentido: são instrumentos de depuração, que nos auxiliam a superar o egoísmo e despertar para o amor verdadeiro.

O Espírito Precisa Ser Cultivado

Um dos trechos mais belos da mensagem é a comparação do Espírito a um campo:

“O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual…”

Aqui, Lázaro nos recorda da responsabilidade pessoal na construção da própria elevação espiritual. Assim como um agricultor prepara a terra, lança a semente, rega e aguarda o tempo da colheita, também o Espírito deve trabalhar sobre si mesmo, disciplinando seus instintos, educando suas sensações e purificando seus sentimentos.

Esse cultivo não pode ser delegado a ninguém. Cada criatura é responsável pelo seu próprio progresso. A lei de amor não se impõe de fora para dentro; ela floresce de dentro para fora, como germinação divina no íntimo do ser.

 A Glória da Lei de Amor

Ao final, Lázaro nos mostra o destino glorioso daquele que compreende e vive a lei de amor:

  • Ele encontra gozos suavíssimos da alma, que não se comparam a nenhum prazer material.
  • Ele experimenta os prelúdios das alegrias celestes, antecipando, ainda na Terra, a felicidade do Espírito liberto.
  • Ele caminha com “ligeiros pés”, vivendo como que transportado, fora de si mesmo, pois já não está preso às correntes da matéria.

Esse estado não é utópico. É promessa real para todo aquele que, pouco a pouco, aprende a amar sem limites, transformando a vida em serviço de fraternidade e luz.

Verdadeiro Tratado de Psicologia Espiritual

A mensagem de Lázaro no item 8 do capítulo XI de O Evangelho Segundo o Espiritismo é um verdadeiro tratado de psicologia espiritual. Ela nos apresenta o itinerário da alma, desde os instintos primitivos até a sublimação do amor universal.

Revela que o amor é a essência da doutrina de Jesus e a meta do progresso humano. Mostra que o Espiritismo, ao reafirmar a imortalidade da alma e a reencarnação, oferece os instrumentos para que compreendamos e vivamos essa lei divina.

Chama-nos ao cultivo interior, lembrando que o Espírito é campo fértil, e que cabe a cada um trabalhar a própria evolução.

Por fim, assegura-nos que a vivência da lei de amor conduz à verdadeira felicidade, extinguindo as misérias sociais, unindo os seres e preparando a humanidade para uma era de fraternidade e luz.